quarta-feira, 26 de maio de 2021

OCEANO

 

Que agitação é essa?

E esse mar agitado; o que está acontecendo?

Esse dia frio; as gaivotas não estão aqui hoje.

Eu sei que o mar quer falar, mas quem entenderá sua voz?

Ouço seu grito quase me expulsando da praia

O som não é claro, mas é o barulho de muitas águas.

As ondas bravias expulsam as embarcações

Mas elas teimam em ficar entre altas e baixas ondas

 

Já falei para o mar conversar comigo, mas continua bravio

Se eu pudesse acalmaria sua tormenta

Mas a beleza também está na sua tempestade

 

O oceano já não cabe mais minha embarcação

Suas águas já não podem mais balançar-me

Meus remos não suportaram suas correntes

O vento me jogou na areia

Hoje fiquei olhando da praia para as ondas que quebravam

Ouço o som que me mantém olhando fixo na imensidão

Lembrando do quão fundo mergulhei

Quanto fôlego eu tinha; eu era jovem

 

Me contento descontente por não deslizar sobre suas águas

Mas feliz por não naufragar em suas tormentas

Por sobreviver às suas impetuosas borrascas

Agitado é o vento que me traz o barulho das ondas

Que gritam: “vá”... mas chora ao me ver partir

 

Mesmo assim prossigo andando e deixando pegadas

Mas insistentemente vem as ondas e as apagam

 

Mesmo quando escrevo longe das ondas

Elas sobem durante o dia ou noite e apagam

Contudo no outro dia vem o mesmo vento

Que sopra a mesma coisa

Então eu volto e olho para a imensidão das águas azuis

Ou verdes; não sei.

 

Eu sei o que você espera de mim

Espera que eu deixe as pegadas e os escritos na areia outra vez

Para que dançando no quebrar das ondas, possa apagá-los

 

O pôr do sol anuncia minha ida

Mas no dia seguinte, a praia está pronta para ser marcada outra vez

Então o vento grita novamente o barulho das ondas bravias

Que se acalmam com o passar das horas

E novo dia vem

Para que eu possa deixar minhas pegadas outra vez.